segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

AMARO! - PARTE II

Quatro anos antes
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01/11

Dezoito enfim. Foi a frase que acordou na mente de Amaro. Depois que seus pais morreram no incidente da ponte, ela só queria a maioridade para sair da casa da avó. Não era maltratada, mas a avó tinha costumes um tanto ditadoriais, o que para ela, era difícil lidar. Escorpiana nata. Não gostava de receber ordens, e sim, de ditá-las. 

Agora, já tinha a idade. Porém, não tinha o dinheiro. Garota de rua, em mente ela já tinha, não seria. E já vinha planejando tudo, desde os dezesseis. Dinheiro fácil sem se sujar. E ela era bonita, jovem e inteligente. Certeza de que não seria tão difícil. E de fato, não foi. Foi até bem fácil. Bem mais fácil do que Amaro imaginava.

No mesmo dia em que completou dezoito, ela procurou o vereador Klaus. Queria trabalhar para o governo. Sempre ouviu que trabalham pouco e ganham muito e em pouco tempo. Tudo o que ela precisava. Vestiu a sua melhor roupa, uma saia preta pragada e uma blusa bonina à moda antiga, com mangas fofas e gola, calçou sua melhor sandália, mesmo achando que ela era alta demais para a ocasião, prendeu os cabelos em um rabo-de-cavalo bem alto e se maquiou, lápis creon preto, blush rosado e um batom, vermelho, porque era o seu preferido.

- Bom dia senhorita, em que posso ajudá-la? - simpática, a secretária do vereador atendendeu com prontidão à Amaro, que entou como uma deusa no saguão.

- Bom dia minha senhora, eu estou aqui para conversar com o vereador Klaus. - respoundeu ela com um misto de simpatia e arrogância.

- Só um minuto por favor. Você tem hora marcada? Como se chama?

- Não, não marquei nada. Mas diga à ele que eu preciso conversar sobre um assunto que vai ser de grande interesse. O meu nome é Amaro. Amaro Montenegro.

- Sim. Aguarde um momento por favor.

A secretária entrou no escritório e demorou mais de dez minutos para sair. Assim que a porta se abriu, Amaro se levantou da cadeira.

- Ele vai atender. A senhorita pode entrar.

Saltitante e convencida, ela passou pela secretária e entrou.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

VINTE E CINCO DE FEVEREIRO DE DOIS MIL E ONZE.

oucAMOR, AMIZADES, VIAGENS, DINHERO, TRABALHO, DIVERSÃO, ESTUDO, APRENDIZAGEM, CRESCIMENTO, FELICIDADE, CRIATIVIDADE, INSPIRAÇÃO, PAZ, SAÚDE, CALOR HUMANO, TRANQUILIDADE, AUTOCONHECIMENTO, MAIS COMPREENSÃO, MENOS SAUDADE, TEMPO, SONHOS, REALIZAÇÕES, CONQUISTAS, SOLIDARIEDADE, PAIXÃO, PRAZER, MENOS CHATEAÇÕES, MAIS EMOÇÕES, INFLUENCIAS, MÚSICA, FOTOGRAFIA, TEATRO E ALEGRIA, CINEMA, ARTE EM GERAL, MUITA ARTE, MUITA CULTURA, MUITO LAZER, PENSAMENTO, NOITES FORA DO EIXO [NOS DOIS SENTIDOS /PISCA], NOVIDADES, COISAS NEM TÃO NOVAS, MAS BOAS, LOUCURAS, MAIS LIBERDADE, SENSUALIDADE, MISTÉRIO, DESCOBERTAS, JUÍZO, VIDA, VIDA, VIDA. E MUITO MAIS DO QUE EU NÃO PENSEI E ESCREVI, MAS DESEJO.


HOJE E SEMPRE!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

CERTEZA DE SOBRA É SINÔNIMO DE ENGANO

Muito cheia de si ela disse:

- COM CERTEZA ele vai vir à festa por minha causa. – agora, trajando sua roupa mais nova, um vestido azul turquesa, comprado especialmente para aquela data, ela sorria em frente o espelho, admirando-se. – Tenho CERTEZA!

- hum... – Resmungou a irmã sentada na cama.

- A mamãe disse que eu poderia usar o colar da vovó... Bem pensei nisso e comprei um vestido numa cor que iria destacá-lo... – Enquanto falava, a garota colocava o colar em torno do pescoço. Virou-se para a irmã, ainda na cama, e questionou – Ficou bom?

- Ficou sim Mila.

- Você é sempre assim, tão pra baixo? É uma pergunta retórica. A resposta, todos nós sabemos.

- Aposto que sim!!

- E essa maquiagem Carol? Não é Dia das Bruxas não, meu querer... A verdade é que nem é só a maquiagem, não é?! Jesus, que falta de gosto... Esse vestido, esse sapato, esse cabelo...

Tão iguais e tão diferentes. Enquanto Camila se arrumava, se gabava e criticava a irmã gêmea, Carolina pensava:

“Coitada! Tão jovem, tão esnobe e tão enganada. Já devia saber que o amado dela gosta de ... ”

domingo, 20 de fevereiro de 2011

THE BLACK SWAN

"... E enquanto girava, suas asas cresciam, cresciam, cresciam... A cada giro que dava, estava cada vez mais tomada pelo cisne negro existente dentro dela. "


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A MANTEIGA VOADORA, DE PAPEL OU NÃO. FRÁGIL, SIMPLES E BELA!



- Se ela fosse um bicho, queria ser borboleta. Queria ser linda e poder voar. Ir pra longe quando as coisas não estivessem bem. Fugir um pouco, pra esfriar a cabeça. Sonhava em poder encantar as pessoas com a beleza de suas asas. Apesar disso, não era uma pessoa medíocre. Sabia e acreditava que o maior valor não era a beleza externa. Mas ainda assim, sonhava em ser colorida pela paixão do vermelho ou quem sabe pela sorte do verde. Poder enxergar coisas que nunca pôde. Tanto por ser grande, quanto por ser presa. Queria ter vários amigos. E ser “a best” de uma joaninha. Sempre gostou de joaninhas, mas ainda preferia as borboletas. Todo mundo acha que os insetos são insignificantes. Ela via tudo de uma forma diferente. Ela era delicada, frágil. Queria ser ligeira e começar tudo outra vez sempre que tivesse vontade. Viver em um mundo colorido. Ser vista como graciosa. Se ela fosse um bicho, seria uma borboleta.

- E o que aconteceu com ela, Tia Marcie?

- Acredito eu que tenha virado borboleta, assim como acreditam os gregos, que quando uma pessoa se vai, seu espírito é transformado no animal mais inconstante, símbolo de transformação. O animal que ela sempre quis ser. Se ela fosse um bicho... Na verdade, ela foi. E foi feliz!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

AMARO! - PARTE I

Ninguém entendia o que ela realmente queria. Mais ninguém acreditava nos olhos marcantes de mulher perdida. Vinte e dois anos vividos. E ninguém sabia o real motivo de tamanha libertinagem. Alguns ainda sentiam pena, mas era apenas isso. Depois de tantos anos arrancando pedaço das pessoas, destruindo a felicidade alheia e sabotando a própria, pena era o único sentimento que ela ainda despertava nas pessoas. Principalmente depois do acontecido. Antes ela costumava despertar outros sentimentos. Mas o tempo se encarregou em tornar as pessoas indiferentes. À ela, aos seus atos e suas palavras.

7:21
Era manhã de domingo. Raul caminhava pelas ruas da Villa Vicente em direção à padaria. Acostumado, aos domingos o rapaz sempre acordava cedo, buscava o pão, a família tomava o café e depois ele e a irmã mais nova iam à missa das 9:00. Aquele não foi um domingo comum. Ele a encontrara. Jovem e bonita, como sempre, porém suja e machucada. O vestido amarelo que ganhara da avó no natal estava rasgado, em uma das mangas e na saia, até a cintura. Um seio e as pernas totalmente expostos. Os pés descalços. O cabelo, ruivo e cacheado, esparramado pelo chão. Os braços, pernas e rosto estavam arranhados. Nos lábios, o mesmo batom vermelho, antes sempre forte, agora fraco e borrado.

Raul caminhou até a moça. Pensava se realmente deveria fazê-lo, temendo ser visto com ela naquele estado. O que os outros diriam? A dúvida durou pouco tempo. Ele optou por não deixá-la ali, daquele jeito. Pensou que Deus não iria julgá-lo, já que o fazia pelo bem, sem quaisquer outras intenções. Agachou a um passo do corpo esparramado e sussurrou o nome dela, sem tocá-la. Nada aconteceu. Ele tocou-a pelo braço. Estava gelada. Mesmo com as chuvas e o tempo sempre nublado, ele sabia, ela não estava gelada de frio. Colocou dois dedos sobre a parte distal do antebraço, não tinha pulso. Ela estava morta.