08/11
Uma semana depois, Amaro estava desempenhando muito bem o seu papel como assistente pessoal do vereador Klaus. Cinquentão conservado, Klaus era casado há vinte e cinco anos, tinha dois filhos - um homem, agora com vinte anos e uma moça com quatorze - e era presidente da câmara dos vereadores.
- Amaro, uso a gravata azul – levantou a mão que segurava a gravata de tal cor – ou será melhor a verde? – levantou a outra mão.
- Senhor, melhor a verde, te deixa mais vivo. – respondeu a menina, caminhando em direção ao vereador.
- Pare com tanta formalidade menina, me sinto velho quando me chama de senhor.
- Desculpe-me se... Klaus – Amaro falava enquanto dava o nó na gravata.
- Tudo bem. Mas espero que se acostume. Prezo a intimidade para o seu cargo. Te achei uma menina bem madura, segura e disposta. Foi isso que me fez contratá-la. – Ele segurou com uma de suas mãos as duas de Amaro, que ainda estavam a dar o nó na gravata escolhida. – Olhe para mim Amaro. Tu és uma bela jovem.
- Obrigada! – um pouco sem graça e bastante engrandecida, a moça olhava nos olhos do vereador.
- Bom, estamos esclarecidos? – Ele disse alguns minutos depois, tirando a si e à Amaro do transe romântico.
- Sim. Entendi tudo Klaus.
- Agora eu tenho um jantar com minha esposa. Sabia que estamos casados há vinte e cinco anos?
- Não, não sabia. – disse a moça com desdém. Ele riu.
- Você não precisa ficar com ciúmes. O que temos agora não é nada mais do que amizade. Somos dois companheiros de longa jornada. E temos Cleo e Marcelo, que estreitam nossos laços.
- Não estou com ciúmes. Eu sou sua assistente. Foi com ela que você se casou. Eu não quero me casar. Que dirá ter filhos. – ele riu outra vez.
- Sim, claro. Jovem como é, não pensa em casamento ou mesmo filhos. Deseje-me sorte.
- Sorte? O senhor... perdão. Você não gosta mesmo dela, não é? – dessa vez o riso do vereador ecoou pela sala.
- Nossas conversas me divertem. Você é uma menina divertida. Eu dizia, deseje-me sorte, minha sogra vai estar presente.
- Não sei o que vocês, homens, tanto temem as sogras.
- Amaro, você fecha tudo por aqui?
- Sim, eu fecho. E, boa sorte com a sogra. – ela disse, quando ele quase saia pela porta.
- Obrigado. – ele sorriu e saiu. Ela fechou tudo e foi para casa.